500 mil vidas perdidas
A Sociedade Brasileira de Ensino de Química (SBEnQ) manifesta profunda tristeza pela perda das mais de 500 mil vidas no Brasil para a COVID-19. Neste momento de dor, externamos nossos sentimentos e desejamos força aos familiares e enlutados por cada perda. #VACINAPARATODOSJÁ #SBEnQPelaVacina
Boletim da SBEnQ 001 – A Química contra a pandemia do Coronavírus (COVID-19)
Aproveitamento do álcool etílico 46,2º INPM para preparação de misturas com ação sanitizante O álcool etílico 46,2o INPM é utilizado amplamente para limpeza de superfícies em residências, empresas e instituições públicas, porém não tem ação sanitizante efetiva, conhecida atualmente, contra vírus do tipo Corona. Assim, sua produção hoje disponível está estocada não contribuindo para a prevenção da disseminação desse vírus.Entretanto, considerando a escassez do álcool etílico 70º INPM no mercado, devido a pandemia do Coronavírus, é possível aumentar a quantidade de álcool nesse teor ou próximo a partir de misturas entre álcoois de diferentes concentrações, aproveitando o álcool etílico 46,2º INPM em estoque.No caso de instituições e empresas, que tenham álcool 92,8º INPM armazenado, seria possível misturar 1 parte de álcool 92,8 INPM com uma parte de 46,2 INPM, formando 2 partes de álcool 69,5º INPM, que é aproximadamente o teor comercializado no país e informado pelas autoridades como eficiente para a inativação do Coronavírus, ou seja, 70º INPM.Outra alternativa seria misturar 2 partes de álcool 70 INPM com uma parte álcool 46,2º INPM, formando 3 partes de álcool 62 INPM. A concentração final, ou seja, 62º INPM, estaria de acordo com o teor indicado no artigo abaixo citado para reduzir significativamente a infecção por vírus do tipo Corona, embora não demonstrado para a classe SARS-CoV2. Adicionalmente, esse teor está de acordo com a faixa indicada no manual de segurança em serviços de saúde da Anvisa (BRASIL, 2010).Em trabalho recente de revisão Kampf e colaboradores (2020) apresentam dados indicando que os vírus MHV e TGEV podem ter a capacidade de infecção atenuada por álcool nos teores de 62% e 71%, considerando o tempo exposição do vírus ao álcool, em superfícies de aço inoxidável. Vale ressaltar que o tipo de vírus Corona estudado no artigo não é o mesmo atualmente em circulação, logo a mistura proposta para uso residencial ainda seria uma possibilidade, ou seja o álcool 62º INPM.Assim, utilizando procedimentos simples de diluição de misturas, seria possível aumentar a quantidade de álcool 70 o INPM e aproveitar o álcool 46,2º INPM estocado, sem oferecer maiores riscos, uma vez que esses materiais são autorizados e disponíveis seja para uso residencial, ou em empresas ou instituições que tenham autorização para armazenar e manipular o álcool 92,8º INPM ou outros com teor equivalente.Essa proposta considera o uso do álcool para sanitização de superfícies, pois com exceção do álcool 70º INPM líquido ou em gel produzido para uso dermatológico, os demais não são produzidos para esse fim. Todavia, diante da emergência do momento, o uso para limpeza das mãos poderia ser tolerado. Contudo, mesmo considerando essa ressalva o álcool anidro usado como combustível, disponível nos postos, não deve ser usado para esse fim. Fernanda Irene Bombonato (UFJF), Gilmar Pereira de Souza (UFOP) eJosé Guilherme da Silva Lopes (UFJF)professores de química nas respectivas instituições. Referência:BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2010.KAMPF, G et al. Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. Journal of Hospital Infection v. 104, n. 3, p. 246–251, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.01.022
Boletim da SBEnQ 005 – A Química contra a pandemia do Coronavírus (COVID-19)
Cloroquina – Ciência ou Política Desde o século XVII, o valor e o respeito à Ciências se consolidaram devido a suas metodologias claras, que envolvem observações cuidadosas e rigorosas que evitam crendices e suposições pessoais na construção de novos conhecimentos. Para responder as perguntas, a Ciência desenvolve ideias que precisam ser testadas de várias maneiras. Novas hipóteses, como a eficácia de um medicamento na cura de uma doença, devem testadas por meio de experimentos cuidadosamente elaborados e controlados. No meio à pandemia causada pelo coronavírus (Covid-19) são inúmeras as soluções não cientificas que aparecem. O que causa maior espanto à comunidade cientifica e grande parte da população é um político populista querer lançar o Brasil numa aventura química. Negacionista da Ciência, não é a primeira vez que o presidente Bolsonaro quer colocar o país em uma aventura química sem a devida comprovação científica. Em 2016, como deputado federal, apresentou projeto para liberar o uso da “pílula do câncer”, um remédio vetado (a fosfoetanolamina). Agora, como Presidente da República (PR), ao contrário das orientações do próprio Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde – OMS, quer que pessoas contaminadas pelo Covid-19, mesmo em fase inicial da doença, tomem o medicamento hidroxicloroquina ou a cloroquina (menos tóxica), mesmo que essas substâncias não tenham comprovada eficácia científica contra o vírus. Para tanto, o PR ordena o gasto de milhões de reais, dinheiro do contribuinte, com a importação dos insumos químicos (princípio ativo) da Índia para fabricar o medicamento no país. Conhecido por suas crendices e fantasias sem limites, agora propõe que vidas sejam colocadas em risco pela utilização de um medicamento, com efeitos colaterais comprovados – vómitos, cefaleia, alterações na visão, fraqueza muscular, reações alérgicas e até retinopatia – que utilizado no tratamento de doença reumática durante a gravidez. Cloroquina não é uma aspirina, tampouco o Covid-19 é uma gripezinha. Cientistas e especialistas do mundo todo têm afirmado que somente uma vacina colocará um fim nos efeitos desse vírus. Sobre a Cloroquina, usada para conter outras doenças, ainda estão sendo feitos testes. Portanto, receitá-la sem evidências médicas pode causar até mortes pelo agravamento, por exemplo, de arritmias cardíacas em pessoas com cardiopatia. Além disso, pacientes cardíacos são os que apresentam maior percentual de mortes no país e no mundo devido a complicações da contaminação com o Covid-19. Por outro lado, receitar Cloroquina a pacientes com sintomas desse coronavírus é expor os mesmos, desnecessariamente, a riscos desconhecidos. Na ciência, há um princípio básico que afirma que quando não se conhece os riscos e impactos, devemos adotar o Princípio da Precaução! No caso do Covid-19 esse princípio é o distanciamento social. Portanto, sair do isolamento, facilitando aglomerações, e tomar cloroquina só aumenta o risco de expansão das infecções, além de possibilitar o surgimento de doenças causadas por efeitos colaterais pelo uso dessa substância. A Comissão Mundial sobre Ética da Ciência e da Tecnologia – COMEST afirma que “quando atividades podem conduzir a dano moralmente inaceitável, que seja cientificamente plausível, ainda que incerto, devem ser empreendidas ações para evitar ou diminuir aquele dano”. O dano e o incerto aqui é a Cloroquina. Portanto, o juízo de plausibilidade deve estar fundado em análise científica, também salientada pela COMEST. Ao querer mostrar seu poder, o PR demarca sempre o terreno ideológico, inclusive sem originalidade, ao mostrar seu contínuo servilismo ao presidente Trump, um defensor não isento da Cloroquina. O PR, ao não conseguir emplacar o fim da quarentena, renova a seu repertório populista anti-ciência propondo o uso desse medicamento, com a artificial contraposição entre economia/emprego e saúde. Que use o dinheiro do Tesouro Nacional para ajudar a economia e as pessoas, e não se tornar um problema maior que a Pandemia. Falta compromisso social e ética ao sr. Bolsonaro. Prof. Dr. Bebeto Marques (UFSC) Prof. Dr. Gerson Mól (UnB) Sócios da SBEnQ
Boletim da SBEnQ 004 – A Química contra a pandemia do Coronavírus (COVID-19)
Água sanitária na desinfecção e descontaminação de roupas e superfícies Nesses dias de pandemia de COVID-19 a preocupação com a limpeza dos ambientes e riscos decontaminação tem sido tema de conversas com frequência muito maior. O que já se conhece sobre osmecanismos de ataque dos vírus e nosso sistema de defesa aponta para uma medida muito básica: a higienepreventiva. Nesse contexto, atualmente, ganharam maior destaque o sabão, velho conhecido da humanidade, eo álcool 70%. A contaminação de roupas e superfícies é uma preocupação constante e traz à tona um outro produto químico bem conhecido: a água sanitária. Muitas pessoas têm feito a pergunta: a água sanitária também é eficaz no combate ao coronavírus? A resposta é SIM. A água sanitária é um produto bastante utilizado na desinfecção de ambientes contaminados por diferentes vírus, entre os quais o temido HIV, causador da AIDS, um dos mais perigosos e nocivos conhecidos até hoje. A recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS e do Ministério da Saúde – MS é primeiramente usar solução de água e sabão para limpeza de ambientes. Depois dessa limpeza, para desinfecção completa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA determina que se deve utilizar a solução diluída de água sanitária. Resta a dúvida: qual a solução ideal? Como preparar essa solução em casa, usando água sanitária comercial? Se estivéssemos em um laboratório ou falando com químicos, poderíamos propor uma série de questões e cálculos para se produzir uma mistura mais precisa. Mas este boletim não é destinado a químicos, mas sim a pessoas que não fazem parte desse meio técnico. A água sanitária é uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO) dissolvido em água. Essa substância se decompõe e libera, entre outras substâncias, o gás cloro (Cl2) que dá um cheiro característico à água sanitária. A presença do íon hipoclorito e do gás cloro conferem a ela ação bactericida (combate diferentes micro- organismos e também vírus), alvejante (branqueamento) e desodorizante (elimina cheiros). A concentração de cloro ativo deve variar entre 20 a 25 g de cloro por litro de água sanitária, o quecorresponde a faixa de 2 a 2,5 %. (Fonte) Para uso como desinfetante de superfície tem-se indicado (Fonte) a adição de 50 mL (UM copinho deplástico para café) a dois litros de água (garrafa de refrigerante descartável – PET, bem lavada). Na falta docopinho, você pode utilizar 3 colheres de sopa (ou cinco colheres de sobremesa) cheias de água sanitária para amesma medida de água. Para limpeza de pisos, áreas abertas ou solas de sapato, recomenda-se uma solução mais concentradapreparada pela a adição de 100 mL (DOIS copinhos de plástico para café) a dois litros de água (garrafa derefrigerante descartável – PET, bem lavada), ou 6 colheres de sopa (ou 10 colheres de sobremesa) cheias deágua sanitária para dois litros de água. ATENÇÃO: essa solução só serve para desinfectar embalagens, bancadas, vidros, pisos etc. NUNCA passeágua sanitária no corpo! Para o uso de concentrações mais elevadas de água sanitária é necessário usar luvas. Prof. Dr. Gerson de Souza Mól Profa. Ms. Cristiana de Barcellos Passinato Associados da SBEnQ
Boletim da SBEnQ 003 – A Química contra a pandemia do Coronavírus (COVID-19)
Sabão Nesse momento em que se fala tanto de higiene como forma de prevenção à contaminação com o Coronavírus é até difícil imaginar que antes não existia sabão. No entanto, a produção de sabão é uma tecnologia muito antiga, pois há indícios de que os babilônios já o produziam, por volta de 2.800 a.C., conforme receita gravada em cilindros de argila que previa a fervura da mistura de cinza e gordura. A eficiência do sabão está relacionada às moléculas que possuem uma parte com carga, que se liga a água, e uma parte sem carga, que se liga a sujeiras como graxas que não saem só com água. Essas moléculas formam micelas que permitem a remoção de sujeiras que não sairiam só com água. No entanto, apesar do sabão ser um velho conhecido, o banho não era comum como é hoje. Na Idade Média, “A rainha Isabella (1451-1504) da Espanha orgulhava-se de ter tomado apenas dois banhos em toda a sua vida: um quando nasceu e outro no dia de seu casamento. Já a rainha Elizabeth I (1558-1603) da Inglaterra era uma entusiasmada banhista. Precisasse ou não, tomava um banho a cada três meses. […] O ato de tomar banho com sabão e água aconteceu graças ao Movimento Sanitário iniciado em Londres como resposta à sujeira onipresente — aos poucos reconhecida como uma das causas de cólera e de febre tifóide.” (Fonte) Muitos de nossos pais e avós faziam sabão a partir de sebos e gorduras, sendo essa uma prática às vezes ainda realizada em aulas de Química. Nesse momento da pandemia, lavar as mãos é um ato que está em moda, por ser um ato básico que dificulta a contaminação com o Coronavírus (COVID-19). Os sabões são os principais inimigos do Coronavírus porque a parte apolar das moléculas interage com a capa gordurosa que protege o ácido desoxirribonucleico (chamado de DNA) do vírus que infecta as células e causa problemas de saúde que podem evoluir e levar até mesmo a morte. Ao quebrar a capa de proteção do DNA do vírus as moléculas de sabão causam também sua destruição. Apesar de ser tão perigoso e causar tantos problemas à saúde e à economia, o vírus é bastante frágil a temperaturas altas e ao sabão. O álcool 70% também é eficaz na destruição do vírus, mas sempre lavar bem as mãos com sabão deve ser um hábito a ser incorporado ao nosso cotidiano, mesmo após essa pandemia. Prof. Dr. Gerson de Souza MólProfa. Ms. Cristiana de Barcellos PassinatoAssociados da SBEnQ
Boletim da SBEnQ 002 – A Química contra a pandemia do Coronavírus (COVID-19)
As máscaras respiratórias devem ser usadas pelo paciente a partir do primeiro momento emque inicia seu atendimento, mesmo que esse seja feito em um ambiente fechado eacompanhado por um profissional da saúde. Embora seja uma forma importante de evitar ocontágio por vírus que ocupam as vias aéreas, não é um método infalível e deve ser adotadorespeitando a algumas condições. Tipos de máscaras encontradas no mercado No mercado podem ser encontrados 3 tipos de máscaras: a máscara cirúrgica descartável,as máscaras N95/PFF (peça facial filtrante) e as máscaras de pano. A máscara cirúrgica descartável retém fluidos corpóreos e é indicada para profissionais da saúde, a pacientes em casos suspeitos ou confirmados do Novo Coronavírus e a seus acompanhantes. Não devem ser usadas por pessoas que não estejam nesses grupos. Em ambiente hospitalar, segundo as recomendações do Ministério da Saúde (link MS), os profissionais que estão em contato com pacientes contaminados devem utilizar máscaras do modelo N95/PFF e substituí-la quando houver marcas de umidade em sua estrutura. Essas máscaras têm a característica de proteger contra partículas menores presentes em aerossóis. Já as máscaras de tecido não devem ser utilizadas por profissionais ou pacientes com Covid-19 em nenhuma circunstância, embora tenha havido manifestações em contrário de autoridades da Saúde no Brasil, segundo nota técnica da Anvisa (link Anvisa). Máscaras caseiras A falta de máscaras cirúrgicas descartáveis no mercado fez surgirem sugestões de confecções de máscaras caseiras. Entretanto, não se pode garantir a eficácia desses produtos além de, simplesmente, reterem gotículas maiores expelidas pelo usuário. Por não possuírem filtro adequado, não fazem o correto impedimento do transporte dos vírus. Máscaras feitas com papel toalha, filtros de café ou tecidos não devem ser usadas porque não são eficazes e não dão garantia de segurança respiratória a seu usuário. Prof. Dr. Marcus Eduardo Maciel Ribeiro Associado da SBEnQ